quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Suor, Lágrimas e Sangue

"Traz a lenha eu faço o lume,
E aproveita em quanto arder...

Depois do fogo só fica a cinza
E eu nunca fico lá para ver.

Lamento se trago comigo a desilusão,
Lamento se mal me consigo dar, continuamente!

Lamento ter asas e mal suportar qualquer prisão!
Lamento, principalmente, saber que nada dura eternamente!

Tudo o que vivo é um momento,
Um momento que jamais volta...

Talvez venha daí a minha insatisfação,
A minha dor omitida e a minha revolta!

A minha vida deixou de ter tempo para tentativas.
Percorri mil e um labirintos,

Mas em nenhum deles encontrei a “tal saída”!
Tanto tempo em que me sinto sozinha, perdida!

Largada num oceano de suor, lágrimas e sangue!...
Passados mil anos despertei para a vida,

Ganhei asas, criei coragem e saí daquele transe.
Agora que me sinto livre,

Não me tentem prender ao que quer que seja, não o irei permitir!
Mais uma vez lamento, lamento qualquer coisa,
Mas tenho a essência da vida por descobrir."

Maria João Moreno Mamede